sábado, 4 de agosto de 2012

Fora da Terra. — Um dia, logo após deitar-me, tive um sonho: Vi apartar-me de meu corpo, repousante sobre a cama, e seguir para o alto, rumo a direções que desconhecia; porém, à medida que as luzes da cidade se apequenavam e esta se tornava cada vez menor, tudo se divisou mais claramente à razão, quando pude contemplar a Terra à distância, em todo seu esplendor, na quietude do trevoso e imensurável espaço.

         Ao perceber que o planeta tornara-se minúsculo ponto em todo o oceano sideral, ingressei em algo semelhado a nuvens, brancas nuvens, dentro das quais a visão se embaciou, até o momento em que delas saí e pude isto admirar, embevecido: Em um lugar onde tudo verdejava, e corria livre e límpida a água e descia suavemente a brisa, animais e homens, antes temidos uns por outros — aqueles, porque tidos pelos homens por ferozes e selvagens; estes, por sua própria natureza aniquiladora —, caminhavam juntos e  pacíficos, e não havia guerra, e o carinho entre ambos prevalecia. Constituído de campos onde crianças corriam e brincavam despreocupadamente, e em sob cujas árvores se regalava quem nelas buscava sombra e descanso, esse local ainda hoje não sei nomear — mas tudo indicava ser algo além de um paraíso que sempre alimentou o imaginário humano.

         Repentinamente, postado em minha direita, chamou-me a atenção um ser alto, muito alto, creio uma presença masculina, cuja face não posso afirmar saber distinguir, trajado de maneira uniformemente prateada; gentilmente, pôs termo à visita e pediu-me, solícito, em vista de chegada a hora de regressar à Terra, indicando-me o caminho, penetrasse o interior de pequeno objeto metálico, semelhante a uma aeronave, de apenas um assento, a fim de possibilitar-me a descida. E assim fiz. Iniciado o percurso, todo o trajeto, antes de certo modo delongado, pareceu-me decorrido tão rapidamente que mal pude avistar a Terra, e já estava junto do teto de meu quarto, sobre meu corpo e, num átimo, dentro dele, ao que acordei, de súbito, arfante e exasperado...

Santos, 04/08/2012
Ivan Pereira Santos Junior


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