segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Os Dois Lobos

Uma noite, um velho índio falou ao seu neto sobre o combate que acontece dentro das pessoas.

Ele disse: — Há uma batalha entre dois lobos que vivem dentro de todos nós.

Um é Mau — É a raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade, orgulho falso, superioridade e ego.

O outro é Bom — É alegria, fraternidade, paz, esperança, serenidade, humildade, bondade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé.

O neto pensou nessa luta e perguntou ao avô: 

— Qual lobo vence?

O velho índio respondeu: 

— Aquele que você alimenta!

domingo, 29 de janeiro de 2012

Das “canalizações” de mensagens espirituais. — Mantenho um pé e meio atrás, quando o assunto envolve as tais “canalizações” de mensagens oriundas de seres extrafísicos, mestres ascensos, espíritos superiores etc. É preciso cautela, tino, sensatez — submeter ao crivo da razão o apreciar tanto da autoria quanto do teor —, antes de conferir verossimilhança e legitimidade, compromisso, seriedade e crédito a esta ou aquela mensagem, porquanto, infelizmente, há muito embuste, muito engodo, muito charlatanismo, patranha e ilusão, por parte de medianeiros vaidosos, hipócritas, vis, ávidos e insidiosos, que se alçam à fama a custo da credulidade, da fé cega e irraciocinada, do desespero e da temeridade dos mais incautos.


Santos, 29/01/2012.
Ivan Pereira Santos Junior
(Trecho do livro "Vamos Ensaiar Uma Canção?, ou 'O Homem Como um Destino'")
Do tempo. — O tempo, ah! o tempo... esse saber que dimana de inteligências privilegiadas. Bastidor e expectador. Alfa e Ômega: O Ser. O tempo não é — e nele não há — um porquê, um motivo; por sua própria natureza, não é meio nem fim. Diante dessa inexorável e gaia constatação, concorre à sua prova apenas uma constante, só existe uma tônica, uma regra universalmente aceita — a única verdade real: A causalidade — ação e reação; causa e efeito; princípio e resultado. Filtro.

Embora nem tudo se inicie com escolhas, estas implicam ilusão criada entre os que detém poder e os que não o detém; e em seus interregnos, um vez mais: O tempo.

Afinal: Quem possui o tempo? Quem o detém? Mas se não nos dermos tempo, como podemos jamais tê-lo?


Santos, 29/01/2012.
Ivan Pereira Santos Junior
(Trecho do livro "Entre a Verdade e a Poesia, ou "Reflexões Acerca da Condição Humana'")

A problemática do mundo é mais simples do que se ocupam os sistemas inerentes aos regimes criados pelos governantes, as elucubrações dos teóricos sociais, as teses dos cientistas políticos, as teorias dos filósofos. A grande celeuma resume-se nisto: Metade das pessoas se aproveita da outra metade.

Santos, 29/01/2012.
Ivan Pereira Santos Junior
(Trecho do livro "Entre a Verdade e a Poesia, ou 'Reflexões Acerca da Condição Humana'")



domingo, 22 de janeiro de 2012

DOMADORA DO OCEANO

Eis a teus pés o oceano... É teu o oceano!
Deusa do mar, teu vulto aclara os mares,
esguio como um cíato romano,
nervoso como a chama dos altares...

A alma das vagas, no ímpeto vesano,
ajoelha ante os teus olhos estelares . . .
Eis a teus pés o oceano. . . É teu o oceano!
Cobre-o do verde sol dos teus olhares!

Sou o oceano. . . És a aurora! Eis-me de joelhos,
ainda ferido nos tufões adversos,
lacerado em relâmpagos vermelhos!

Sou teu, divina! E em meus gritos medonhos,
lanço a teus pés a espuma de meus versos, 
e as pérolas de fogo de meus sonhos!



Moacir de Almeida
Elogio (ou as leis) da Amizade. — São os amigos aqueles seres dotados de virtudes e defeitos, porque humanos, não angelicais, que a vida coloca em nosso caminho, na qualidade de emissários do Amor e dignitários sinceros e honestos da Fraternidade.

Amigos, por corolário lógico da amizade, são íntegros no agir relacional, respeitam-se mutuamente; na hora certa, ouvem e calam; no aconselhamento, olham-se nos olhos e falam; e, munidos da verdade que lhes é inerente, promovem o entendimento mediante diálogo.

Amigos importam-se uns com os outros, telefonam-se, escrevem, buscam informações, notícias do outro. Um amigo, sem por em discussão a justeza ou a veracidade do direito de pedir ou do pedido alheio, rende, quando preciso, especial deferência ao espaço de outro amigo, quando este, de qualquer modo, demonstra querer solidão para pensar melhor, por em trânsito melhor as ideias mais íntimas, inconfessáveis e profundas; refletir melhor; rir ou chorar melhor.

Em tudo, amigos observam a moral, a exemplo, consentânea ao matrimônio: A prevalência do companheirismo e da assistência material e espiritual, da fidelidade, da honra e da lealdade na alegria ou na tristeza, na enfermidade e na saúde, na penúria ou na riqueza. Amizade é o casamento de almas...

Amigos se revelam mais sob o signo da ação, não da palavra — embora, fique claro: A palavra edificante, no momento de aflição, vale mais do que mil gestos.

Amigos não se omitem: Procedem bem e nobremente, ainda que incida em derredor a desgraça.

Amigos, mormente sob toda sorte de adversidade, colocam-se presentes, e se dispõem física, moral, mental, racional, emocional e espiritualmente ao lado — não atrás ou adiante — do mais aflito; daqueles é que advêm o estímulo, a força, o conforto, a advertência e a certeza da necessidade de prosseguir, por mais grave o caminho e sinuosa a senda, a se colocarem, a qualquer hora, à disposição para a conversa benfazeja, o abraço afetuoso ou o olhar silente e companheiro.

Amigos se compreendem só de olhar.

Amigos constituem o reflexo de nós mesmos. Como espelho, por estabelecerem tal frequência, uma compatibilidade, uma afinidade, uma identidade, são eles aquilo que somos, pensamos e fazemos. Talvez, por isso, considerou Pitágoras: “Amizade é igualdade”.

Por derradeiro, independentemente de laços parentais, sexuais, sociais, étnicos, religiosos ou políticos, apanágio da amizade é a livre escolha, pois amigos se reconhecem, já dissera Vinicius de Moraes. Daí sucede que os maiores  irmãos consistem nos que se podem tratar, um ao outro — francamente, de peito aberto e coração limpo —, de “AMIGO”.


Santos, 22/01/2012.
Ivan Pereira Santos Junior
(Do livro "Vamos Ensaiar Uma Canção?, ou O Homem Como um Destino")