Eu vi a mulher despida
Eu vi a mulher despida e nua
Eu vi a mulher despida, nua e fria
Eu vi a mulher despida e nua, fria e mansa
Eu vi um corpo de mulher correndo
Eu vi um corpo de mulher sofrendo
Eu vi um corpo de mulher gemendo,
Os langores suaves e a sublimação dos
[fatos
Eu vi um corpo de mulher chorando
Porque surgido do negrume da noite,
Porque advindo dos meus mais recônditos
[anseios,
Porque é nudez da morena amiga.
E porque há mulheres que não são amigas,
Eu quero a mulher de respostas surpreendentes.
Quero a amiga, a companheira dos difíceis
[momentos, que
Estou sereno, estou tranqüilo.
Nada almejo e reclamo nesta vida,
[além do compreender da mulher
[amiga.
Vejo-a como extraordinariamente inflexa;
Como tarde delgadamente infinda.
Eu quero tocar, delicada e tão-somente,
A face externa do corpo da amiga.
A vida nada mais é que provação para
[nos resgatar o espírito.
A vida é remição.
A vida é o encarceramento de vã pergunta.
E porque devo esclarecer-me, nada há de mais
[sublime que a admiração do corpo da
[amiga,
[que a reflexão sobre o corpo da
[mulher amiga.
Quero fazer-me das palavras alento para
[os que delas não podem fazer uso.
Quero, conquanto sendo, não parecer triste, não
[parecer quedar-me ante o infortúnio,
[cada linha.
Quero uma experiência todo dia; fazer de minhas
[palavras
[as de quem delas são privados,
[as de quem as não possui.]
Quero o depoimento emocionado dos amigos
[que não tive
E o comovido dos que já partiram.
Ivan Pereira Santos Junior
Santos, 04/08/1997.
(Publicado em "Poesia Seleta", Ed. Fiuza, 2001, deste pretenso poeta...)
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